quarta-feira, 19 de maio de 2010

Da cor do nada (Parte XII)

O sonho tem os dias contados. A realidade ja marca limites, os sentidos ja são fracos e as emoções, essas, vivem debaixo das lágrimas de cada um. E nos momentos de querer de cada um, que vejo que a terra não e redonda. Tudo e liso. Tudo começa. Tudo acaba. Nem o tempo que nos segue, nem o passado que nos persegue, nem o futuro que nos irá seguir são tempos marcados do instante mais que distante. E apenas a janela fechada, da porta grande que cada um marca nas suas realidades!

domingo, 2 de maio de 2010

Da cor do nada (Parte XI)

No limiar condescendente das coisas que não se sabem, vi erguer-se o teu vulto.
O tempo era o outro. Pertencia à altura dos cansaços. Dos momentos confusos do pensamento.
Sabia que eras tu, mesmo não tendo a certeza. Mesmo não sabendo de cor o espaço em que caminhavas...
Estava deitado. Estava cansado. Quando estamos deitados, o sangue que outrora se expande pelo nosso corpo inteiro, marca reunião só num ponto e nesse mesmo ponto se fixa.
Era estranho.Era original.
Soava dentro de mim, algures em mim, o metrónomo enérgico que todas as noites nascia com o olhar...
O teu corpo estava lá. A tua imagem também, mas o que mais luz tinha eram as mãos cadavéricas que antes tocavam no piano da minha imaginação. Como se escutasse pormenorizadamente cada palpitação que o meu coração desenhava.
Lembrei-me do escuro das lições. Do subterfúgio pesado em que se findava cada nota e logo começava outra...
Baladas, prelúdios, nocturnos... Senti Chopin nos meus dedos pequenos e na nossa ligação, no esgar brando que nos fazia chorar em compassos lentos e demorados com o medo de nos perdermos...

Da cor do nada (Parte X)

Há quem chame saudade àquilo a que eu chamo distância. O espaço sem fim, com curvas e contracurvas, cansa-me, desgasta-me… saber que algo está longe e que cada vez o perto é mais distante, revira-me os pensamentos e torna-os apenas impressões. Aquilo que realmente sinto existe. Está longe por de trás do horizonte, mas existe… Isso existe, ou pelo menos há na minha mente, vagueando entre as paredes mal coladas... na minha imaginação perdida que denomino de loucura…