sábado, 19 de fevereiro de 2011

Poeta de uma vela só




Quedei o meu pensamento sobre aquela escrivaninha de madeira já desgastada pelas ilusões que o tempo marcara em sua tez. A luz, que entrava de mansinho e iluminava a madeira, massajando-lhe os cabelos castanhos, tornava-a num espelho onde podia fixar o meu olhar e escrever com eles os pensamentos que se originavam em mim.
Estava frio. Aquecido sob a minha capa de poeta, deixava os meus pensamentos discorrerem naquele frio de madrugada plena. Aquele frio brando e calmo, era apenas o suspiro da noite. Calmo, descontraído e ainda assim ingénuo, mas por vezes bravo quando a noite se lembrava de bocejar e se voltar para outros destinos. Um frio, que não tinha ainda a atitude brava de um adolescente, mas sim a irresponsabilidade próprio de um bebé quedado aos olhos do mundo.
A vela, enquanto se derretia e me iluminava os pensamentos, lembrava-me que tudo tem o seu ciclo de vida. Nascemos, vivemos e padecemos para a Morte,sempre à espera que a senhora de negra nos bata à porta e nos presentei com tão ilustre destino.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Notes!

E assim, naquele momento em que olhei aquele Topázio e o coloquei no bolso do meu peito, o Olimpo inundou com as águas revoltas aquela Terra, nunca antes, inundada. Tal como a CHUVA, aquilo que nasceu pelo que sentimos um pelo o outro, a água teve nascente (TU), flui pelo rio de cada um, e desembocará num mar maior (NÓS)...
Deixa-me ser o afago quente da tua respiraçao, para que no nevoeiro frio, mesmo quando nao te vejo, eu saber que moras dentro da minha jubaa!
Exacerbada a alma em que o destino se comprazia, deitei a cabeça sobre o silêncio dos meus braços unidos e adormeci ,entregando-me às subtilezas tristes do meu intento. Em pasmos de condolência, sobrevivo eu a este meu pesar, alumiando as alegrias que me são tão poucas quando a meu lado nada és, senão o vazio que me preenche o espaço, ou o silêncio que me quebra o tédio.. (MM) :(
Gaivota essa, que pelas nuvens do Inverno da cor do carvão tem o seu coração. Chegará o tempo em que o sol brilhará, a gaivota voará e o céu será daquele que a verá volejar e com ela viajará! (Topázio)
Vermelho e vivo meu coraçao, esta maça que o mundo prova e se envenena, irá sempre ser o quadro onde pintarei minhas mágoas prostradas em alegrias... Encantamento ou maldição, dom ou condenação, sei que o beijo que os meus olhos tomam em teus lábios é subjugado a esta minha maça que de vermelho tem, mas sangue não contém, apenas o veneno a que me condeno..

E assim, olhando entre as grades o sol dividido pelo martírio que lhe assolava a consciência, Teresa pensava nos olhos de Simão e com eles se transportava no silêncio escuro. Grades eram também os olhos de Teresa quando na noite já longa lhe pesavam sobre as pálpebras e não a permitiam ler as cartas de Simão, todo o dia lidas e relidas. Todos os dias pensadas, todos os dias sentidas. (Topázio) (MM)

Alvejado estou nesta letargia, nesse desassossego que me esconde e me revela; tudo é frio e o silêncio já não se quebra. Investidas são feitas e os desamores são proclamados, porque na incerteza de se viver, prefere-se fingir. Os sentimentos são para o palco, as lágrimas para os poetas, e os sorrisos para os palhaços! Morri!...
Noite... Dispo-me para ti para em segredo seres minha. Pego-te nos cabelos e torno-os extensão do meu corpo pesado que em estátua se encontra reconfortado.. Faz de mim assim, tal e qual assim, devorando-me com o escuro e fazendo dos meus olhos, a luz que ilumina a pena do poeta... Sou a pena do poeta, desvairada e de sentimentos carregada, tão triste, tão alegre, tão só de somente assim
Deixa-me ser o prolongamento dessas lágrimas que pintas sobre as minhas faces! Com o pincel do teu olhar pintas-me aqueles dias cinzentos, e quando choves sobre mim, adormeces-me entre os lábios e assim ficas a descansar, perto de mim, abraçado em mim, sempre assim...
Se uma rosa te beijar os pés, é porque quer quer sejas o seu caule; Se uma gota te beijar as faces, é porque quer que sejas a sua fonte; Se uma folha te adormecer em cima dos ombros é porque quer que sejas a sua árvore; Se um floco de neve acariciar-te os cabelos é porque quer que o que aqueças e se um dia descobrires aquilo que me faz sorrir, é porque descobriste que TU me fazes feliz *.* (MM) - Topázio
Madrugam-se as manhãs com vontade de na noite dormirem. Sabem de cor a escuridão que sobre ela banhas e são felizes na noite, a serem a brisa que respiras, a ser o frio que te enche o corpo ou a ser os teus olhos fechados para sempre aos meus ligados...
Debruçado, analisando as maresias em que o vento me transporta, dispo o sal que me beija os areais e acaricio-te os pés em segredo... Olhas para mim do alto e iluminas-me o azul com o sol em que te descobres... Sou a maré abandonada em teus poros alojada, aquele sal diferente que torna o meu céu mais cheio.. em segredo, mas assim... Convido-te a sentar e banhando-te o corpo, adormeço-te... Assim...
Faço dos teus pés os acentos das minhas palavras, das tuas respirações as minhas vírgulas e dos teus olhos as palavras mais bonitas para em silêncio me tornar poeta e fazer do teu corpo poesia...
Somos crianças inocentes. Amamos, conhecemos, somos o que somos mas somos nós mesmos. Num tempo em que se questional os comportamentos de seres humanos, lembrem-se que cada um é como cada qual e existem telhados de vidro que se desmoronam.. Todos somos lágrimas, cada um com o seu peso, mas um dia nascemos e um dia vamos cair. Até lá, resta-nos brilhar ao canto de olho e se for com alguém, ainda melhor!
Se aprumo a minha inteligência com rasgos de raciocínio, aclaro o meu sentimentalismo com rasgos de irracionalidade. A inconsciência dá-nos esse prazer de nos entregarmos a devaneios loucos. Nesses rasgos de imoralidade, eu sou o desenho pronto a ser desenhado, essa sede se ser sem fome de ser ter..
Calço-te as botas de neve, visto-te as calças escuras do cinzento que te desenha e coloco-te um casaco molhado feito pelas gotas em que pintas o teu quadro. Na cabeça, coloco-te um gorro branco como a neve, e nas mãos em vez de umas luvas, dou-te as minhas mãos para que juntos entremos no teu mundo mais confortados. Aceitas, meu INVERNO??
Empunho uma espada, sou cavaleiro! Empunho uma pena, sou poeta! Empunho um chapéu, sou pintor! Empunho uma lágrima, sou humano! Empunho um beijo, sou apaixonado! Empunho a tua mão, sou Feliz *.* (MM)
De joelhos de bóina na cabeça e olhar envergonhado, peço-te a mão.Sentado, de olhar suspeito e maças coradas, peço-te as faces para nelas revelar um beijo. Deitado, com olhar revelador e brilhante, colo-me ao teu corpo e conto-te um segredo... Assim foi... Assim será... Adormeces... e quando acordo... *.* já não olho,não escuto,não falo... apenas estendo a mão e te penteio os cabelos de uma noite que nunca dormiu...
Como rastos de uma palavra sem dizer, resta apenas a pausa silenciada, esse sabor sempre diferente a que chamo de prazer, quando o pouso entre os nossos lábios. Tão só e claro, como interior e declarado..
Com a sensação de o tempo ter falado e termos escutado os seus desabafos em sopros de resistência, fazemos revés ao que não mudou e andamos sobre as margens que constroem a parede de um outro tempo qualquer. Em vez de andarmos e apagarmos o tempo, tornamo-nos tempo dando tempo ao tempo. Seduzimos segundos, afundamos minutos, sopramos horas, gritamos décadas, abraçamos milénios. Por um qualquer sonho, assim será tempo de a realidade gritar e ser o tapete onde o tempo voará nesse sopro sempre teu.. As memórias foram memórias porque um dia alguem as ignorou naquele passado distante. Uns vivem da memória, do toque sempre presente que nos tocou e permanece. Fazemos do ultimo sopro da resistencia, da ultimo beijo apaixonado, do ultimo segredo revelado, da ultima vontade, do ultimo desejo a que me apego para ir contruindo o tempo que falta e te ver erguer a meus olhos. Sou feliz com o fantasma que me apegaste aos pés e que me faz caminhar, rasgar as marcas do tempo enquanto as mastigo por não te ter.Vivo dos sonhos que me colocaste nas pernas e que são sempre desabafo quando correm mais que os meus pensamentos. Eles buscam o prazer que lhes falta.Sentem falta da mão, da textura, do toque, da mostra de uma vontade qualquer. Do tronco e dos braços, faço a árvore que um dia plantaste. As folhas misturam-se, revoltam-se, sopram-se entre si mas buscam sempre a paz apaziguadora quando lhes mostras o caminho. Dentro de mim teces uma verdade, e a maquina de costura do meu coraçao ainda vive, para fazer aquele tempo vestido de felicidade. O tempo em que acordarei, com o sabor do teu olhar, o tempo em que me despeço absorvendo-me do simples prazer de te tocar na mão, do almoço que é sempre junto porque fazemos das nossas bocas colheres para os dois, dos nossos dentes garfos e das nossas linguas finas facas que nao cortam o que um dia se construi... A meio da tarde, o tempo é vestido por um passeio À beira mar. A água não molha, so me ocupa os pés... A água revolta mostra-me que a sede do mundo é tao grande como o desejo de te ter, e porque a noite não termina o que um dia fez viver, pouso a cabeça no teu peito e nasço de novo para outro dia, sempre com a mesma vontade de aprender a viver. Sempre com o mesmo desejo de voltar a ser. Sempre com a vida de ser sempre o mesmo ao lado daquele que um dia fez viver a estátua adormecida...

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Essa memória de uma noite assim...

E assimm fico, permanecendo intacto ao que não existe e ainda assim persiste à minha volta. Desventuras pela demanda de um qualquer achado deixam o meu sossego inerte e oferecem-lhe um tom confuso de silêncio ruidoso. Não sei de que cor é a existência; De que se compadece esse doce desassossego que jamais é senão a afirmaão de silencios. Estas parado. Esta calado. Está inerta mas e ruidoso. É assim, aquele dia ressacado da noite, qual sombra pálida que trabsfroma a noite em dia e a ouve em tempestade, chorando as alegrias. Qualquer que seja o poema que a noite escreve nas estrelas, eu mantenho-me intacto ao beijo que em mim se despe. Esse beijo que retira e atira, essa sede de pintar com sentimento, de viver em tormento comigo mesmo e amar a paixão desenfreada que não controlo mas imagino. É esse ensaio de vida, esse violino desafinado, esse acorde pousado, em que as notas são repletas de dissabores e se unem num todo.

Oh noite que me despes e controlas! Quem me syuporta o dia gasto e o descarrega em meus ombros! Que me pesa as angustias e as transporta nessa alegria triste que são os pensamentos. Que me eleva em pensamento o triste sofrido que é o meu desejo oprimido. Oh noite.... faz de mim guarda das tuas preces; faz de mim a sombra escura em que a àrvore adormece e o voo frio em qeu a cotovia se deleita em prazer. Faz-me teu, faz-me só. Faz de mim aquele céu escuro em que repousas teu corpo suave e me dedicas poemas ao ouvido, faz de mim neblina farta que se assola pelo mundo ser seu e se contenta com o espaço todo.. faz dos meus pés penas que erguem o voo do faisão raivoso, das minhas pernas, as colunas que suportam o teu altar nocturno, dos meus joelhos, o suporte do medo, a ansiedade da saudade...

Dispo-me para ti para em segredo seres minha. Pego-te nos cabelos e torno-os extensão do meu corpo pesado que em estátua se encontra reconfortado.. Faz de mim assim, tal e qual assim, devorando-me com o escuro e fazendo dos meus olhos, a luz que ilumina a pena do poeta... Sou a pena do poeta, desvairada e de sentimentos carregada, tão trsite, tão alegre, tão só de somente assim

domingo, 17 de outubro de 2010

Voltar a ser, existindo...

Adormeci a contar os soluços do vento, prolongando-o em espasmos de realidade, debruçado-me na penumbra da janela. Era confortável o clamo e derramado silêncio que se despia até meus pés. Havia uma estranha confortabilidade de me ter ali sozinha, confrontando-me comigo própria, mas esse era apenas o sinal de que estava ali e que algo era possível. Pensava que não iria durar muito esta estadia, este aprisionamento a uma morte prematura que faço nascer cada vez que me movo, a uma distância entre a minha pessoas e o espaço escuro que é somente vazio. Resgurado-me com o Inverno lá de fora. Sou o frio que chora o Inverno de agora e analiso os estádios da minha vida.
O silêncio estava cómodo. Coloquei uma música suave mas que se tornou num mero desconforto, como tudo o resto a minha volta. Acordes desordenados, ritmos largados a um acaso faziam da minha partitura um eterno fechar de olhos, uma eterna falta de controlo, uma insegurança. Fechar os olhos já não era tranquilidade, já não era aparente calma… Peguei num livro abandonado que se encontrava na cómoda, e saboreando página a página, tornei-me numa mera letra abandonada e liberta de cada palavras. As imagens à minha frente eram só devaneios cínicos e egoístas de me ver a mim mesma sozinha em vários sítios. Pensava nas ondas de um mar qualquer que desgastam a terra que tem o trabalho de se formar. Inquietudes passageiras talvez façam de mim este animal turbulento que é mais imagem do que paisagem. Sentia-me feliz ao ler cada palavra, ao sentir cada emoção num efeito autêntico de catarse e as palavras caiam como gotículas, abandonadas e deixadas. Tão somente restadas, quanto quantificadas. Sou mais uma delas, eu sei, mas a diferença é que me formo em todas elas e ao reflectir-me nessa mancha sou a paisagem que as integra. Deslizo entre a vontade de ser e o que já sou, esse pincel mascarado que com as lágrimas da cor pinta a sobeja tristeza que se adeja. As linhas inquietas desse todo igual. Mera paisagem, mera pintura desfigurada, da mais certa a mais verdadeira…

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Sombra de Espelhos

Os minutos pesam silenciosamente a tua chegada numa inquietude atroz. Roubam a vontade de ser ao tempo, demorando-te enquanto não registas a tua presença junto das minhas pernas frias. Resta o som demorado a meu lado, o Inverno estival célere que se cansa de ser ele mesmo por não sentir o afago dos teus olhos. Às vezes tudo funciona assim, nesse mecanismo quase resoluto em fazer aceitar as coisas que nos perseguem na vida, nesta existência em mim já marcada à nascença, pela diferença de ser quem sou.
Desafogo saber que voltaste. Que o vento escuro que norteava a minha estrada, era apenas nevoeiro claro que firmava o teu caminho. Ouvia de mansinho os teus pés de prata, aconchegando-me com a sombra que a tua imagem delineava no meu corpo. Tudo são desvarios cansados que formas, sem dizer uma única palavra. Ventos sombreados entre dedos abandonados em recordações pálidas por nunca viverem em si mesmo, cansadas.
Revolto a almofada, símbolo de minha castidade pela tua ausência, e desnudo pensamentos só nossos, entre lençóis ou nas passagens frias que a realidade cria sem sentirmos. E esgotante ter que me apaixonar pela imagem que deixaste, percorrendo o único pedaço de chão que pisaste ou agarrando-me aos beijos que em vão me destes. Beijos que já não são nossos. São do porto que te levou e do bordou que te abandonou. Do mar que nunca e meu e sempre e daquele que o há-de ter...


Roubei a vontade de navegar ao mar
vontade fervorosa de me abater em tua fronte rochosa
sou o sal que abandonado se entrega ao passado
pescador em terra, nesse mar que me encerra

...Dispo o sal que me cobre sem saborear
a fina areia que me cobre o rosto em desgosto
o cansaço deitado nas ondas embalado
essa tristeza que me consome, e que em meus ombros dorme...

"Soturno Pescador" por VRM

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Da cor do nada (parte XIV)

Hoje debati-me a estudar as passagens que o tempo faz na vida.. a escutar-lhe as curvas e estar atento às suas modificações. Passagens são passagens... sao luzes rasgadas, pela noite apagadas... sao horas passadas pela passagem terminadas... sao ondas que o mar nao aproveita e que o abandono se afeita. Tudo anda, tudo tem o seu movimento cíclico e torturante de se seguir ao que passou. Não se manifestando nem mostrando complacência por quem passa, decide seguir e arrastar idades, circunstâncias, experiências, marés, feridas... arrasta, suporta, carrega e leva em sua demanda... O desperdício de tempo que temos em lhe dar importância, em lhe conceder atenção quando o vimos nos relógios, no tempo, no clima, ao espelho, nas paisagens que passaram, nas recordações que ficaram... Começo a reflectir agora sobre isto e percebo que o tempo me sujeitou à suas discretas inventivas, aos pequenos pormenores que me mostra no espelho e me ressurgem na alma como parte de uma existência descontrolada..
Levantei-me, soerguendo-me ao sol e escutando o pesar pesado que se acometia naquela sala... O cortinado estava fixo na sua rigidez absoluta e o tempo que se distanciava por entre os tecidos escuros, estava pesado e desenhava uma luz estranha no chão... aquela luz era diferente... nunca a tinha visto desta forma.. pode ser ate uma chamada, quem sabe o ressurgimento de algo ou até o invocar de alguma coisa? Tempo, tempo, tempo...

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Da cor do nada (Parte XII)

O sonho tem os dias contados. A realidade ja marca limites, os sentidos ja são fracos e as emoções, essas, vivem debaixo das lágrimas de cada um. E nos momentos de querer de cada um, que vejo que a terra não e redonda. Tudo e liso. Tudo começa. Tudo acaba. Nem o tempo que nos segue, nem o passado que nos persegue, nem o futuro que nos irá seguir são tempos marcados do instante mais que distante. E apenas a janela fechada, da porta grande que cada um marca nas suas realidades!