domingo, 25 de abril de 2010
Da cor do nada (Parte IX)
É estranho, talvez até inconcebível... mas hoje só consigo pensar em Farinha... O cheio, o toque, a força... Tudo na farinha é humano. Molda-se, transporta-se e quando magoada revolta-se e manda-nos para os olhos o seu pó. A sua integridade, o seu estatuto. Se lhe mandamos água, fica a boiar, a pensar e acorda sempre cá em cima. Se dela fazemos uso, e lhes damos a consideração necessária, cresce e vive dentro de nós mesmos. Há farinhas deliciosas, amargas, umas com sabor a menos, outras com sabor demasiado... Como as pessoas... Por hoje escrevo-te isto, pode ser que o amanhã de amanhã seja mais claro que o escuro de ontem e que o nada de hoje. Uma hipótese, talvez uma sugestão. Nunca uma certeza. Considero-te...
Da cor do nada (Parte VIII)
Apresento sempre o meu esttatuto, a mesma classe de opiniões, o mesmo grupo de hipóteses. Se sorrio penso que choro porque troquei as voltas ás lágrimas. Se choro, penso que rio porque represento a minha Mona Lisa. AS lágrimas caem quentes, porque um dia foram frias. Os pensamentos, quebradiços como ervas do campo mais triste, amontoam-se como que se superiorizando e não me deixam pensar. Hoje pensei que o mundo fosse plano. Talvez assim fosse melhor. Muito melhor. Todas as pessoas que ficavam atrás de nós ou que nos ultrapassavam, ficavam longínquas de nós mesmos e não necessitávamos de as ver de novo. Bastava nelas pensar para continuar.
O meu mundo plano, horizontal é como uma corda. Tempos que aproveitar todo seu comprimentos para procurarmos a razão de estarmos lá em cima. Precisamos de pensar em divagar para jamais aterrar...
O meu mundo plano, horizontal é como uma corda. Tempos que aproveitar todo seu comprimentos para procurarmos a razão de estarmos lá em cima. Precisamos de pensar em divagar para jamais aterrar...
Dar cor do nada (Parte VII)
Repugne-nos a nós próprios pensar que antes fomos alguma coisa para hoje sermos estátua de nós próprios. Sermos o retrato de um vidro já tocado. Ser o objecto já mexido, talvez já partido.
Assusta-me a minha ignorância, porque nela não conheço as advertências de mim mesmo.
Amedronta-me o medo, porque não lhe conhecer os limites e os pesados pensadores.
Revolta-me o sombrio por nele estar coberto de um escuro esotérico que divaga.
Sensibiliza-me o querer gritado, manifestado apenas no silêncio medroso e amedrontado.
Descubro-me em cada etapa de mim mesmo, em cada sonho que interligo com a realidade, nunca sabendo qual destes momentos o mais acordado. Toco-me em mim, apresentando-me ao espelho os olhos, esses pincéis que tanto em nada mergulharam e que agora não saem do copo, do objecto afogada de água pelas lágrimas jamais vertidas.
A paleta de cores varia entre o que se pensa e o que se ergue à volta. Entre o que se diz e o que se pensa.
As vezes perco-me em infinitos gastos por não conseguir perdurar com a cruz que carrego. Por me arrepender de considerar que isto que me faz andar chama-se vida. Por saber que nada nem ninguém olha os caminhos da solidão como a liberdade de nós mesmos e nele se prende, nele cai para neles um dia... quem sabe... se levantar. Talvez erguer e continuar. Talvez parar e pensar... Talvez sonhar para um dia desejar... Um dia... esse momento vago de horas precipitados e segundos deitados em camas de sonhos...
Assusta-me a minha ignorância, porque nela não conheço as advertências de mim mesmo.
Amedronta-me o medo, porque não lhe conhecer os limites e os pesados pensadores.
Revolta-me o sombrio por nele estar coberto de um escuro esotérico que divaga.
Sensibiliza-me o querer gritado, manifestado apenas no silêncio medroso e amedrontado.
Descubro-me em cada etapa de mim mesmo, em cada sonho que interligo com a realidade, nunca sabendo qual destes momentos o mais acordado. Toco-me em mim, apresentando-me ao espelho os olhos, esses pincéis que tanto em nada mergulharam e que agora não saem do copo, do objecto afogada de água pelas lágrimas jamais vertidas.
A paleta de cores varia entre o que se pensa e o que se ergue à volta. Entre o que se diz e o que se pensa.
As vezes perco-me em infinitos gastos por não conseguir perdurar com a cruz que carrego. Por me arrepender de considerar que isto que me faz andar chama-se vida. Por saber que nada nem ninguém olha os caminhos da solidão como a liberdade de nós mesmos e nele se prende, nele cai para neles um dia... quem sabe... se levantar. Talvez erguer e continuar. Talvez parar e pensar... Talvez sonhar para um dia desejar... Um dia... esse momento vago de horas precipitados e segundos deitados em camas de sonhos...
Da cor do nada (Parte VI)
A sensação, o toque etéreo ainda que pálido das coisas, transmite-nos ideias, memórias, sugestões. A sensibilidade para as coisas, a nossa perícia cultural, e até a nossa glor são formadas num jogo de nadas que cada sensação nos transporta. Se piso o chão do quarto, o tapete já mastigado de tantas sugestões, de tantas marchas e andares trocados, sinto-me um ventríloquo. Um boneco de corda comandando pelas coisas que pisa, pelas coisas que traz nos pés e pela pena que se sente que voa, paira e toca ao de leve sob a estrutura deste tapete.
Era um tapete persa. Daqueles comprados numa feira antiga, escondida algures em meandros subalternos. Nesse tapete, cingiam-se tempos passados, imaginavam-se memórias futuras, qual fruto verde da árvore mais velha. A intenção, o pisar sempre nocturno lento e pesado, o sono tornado vida quando o despertar se desfaz pelos encantos do pensamento, as imagens revoltadas, trocadas, pensadas mas em nada realizadas. Neste tapete, que me de cor a planta dos pés e que me desliga do exterior para me ligar no interior, para me concentrar nas intermitências de mim e nelas afogar subsequentes desejos pensados. Sempre pensados... sempre sonhador, mas nem sempre adormecidos...
Era um tapete persa. Daqueles comprados numa feira antiga, escondida algures em meandros subalternos. Nesse tapete, cingiam-se tempos passados, imaginavam-se memórias futuras, qual fruto verde da árvore mais velha. A intenção, o pisar sempre nocturno lento e pesado, o sono tornado vida quando o despertar se desfaz pelos encantos do pensamento, as imagens revoltadas, trocadas, pensadas mas em nada realizadas. Neste tapete, que me de cor a planta dos pés e que me desliga do exterior para me ligar no interior, para me concentrar nas intermitências de mim e nelas afogar subsequentes desejos pensados. Sempre pensados... sempre sonhador, mas nem sempre adormecidos...
sábado, 24 de abril de 2010
Da cor do nada (parte V)
Hoje esqueci-me de pensar que a fantasia um dia existiu na minha vida, que a loucura já passou a meta e que a beleza um dia me fascinou. Esqueci.me de viver a pensar se ser é mais difícil do que viver a pensar que podia ser. Fui até à bacia, ou melhor ao pequeno alguidar colocado naquele pequeno andaime de madeira. Depois de me olhar e pensar que ainda conservo alguma infância nas formas redondas do rosto, no pensar mais baixinho e no segredo mais desvairado, contado pelo vento naquele banco de jardim. Decidi lavar a cara com o mesmo sabão de sempre. Todavia, hoje o cheiro foi especial. Se noutros dias os associava ao quarto já visto e no pormenor mais escondido, evoquei os pedidos feitos à minha mãe naqueles sábados de fim de tarde, quando o trabalho já não poupava esforços. Lembrava-me do cheiro das coisas que tocava, do som daquilo que ouvia esquecendo-me da dor que sentia. Por momentos até, quem sabe, fui livre de pensar que a felicidade é um estado. uma estação como a primavera que invade o inverno, transformando-o...
Da cor do nada (Parte IV)
Quando por nada de um mais nada já preenchido por um nada imenso nos vale olhar pela janela, ouvimo-nos a nós próprios. Canções já evocadas, memórias já deixadas de quem nunca aprendeu a esquecer e um dia se lembrou de viver.
É triste dizê-lo... ainda mais triste pensá-lo, mas aquele piano nunca mais teve a cor da infância. Os gritos marcados de felicidade, os dedos infantis cheios de lama que tocavam naquelas teclas maduras, os olhares entusiasmados que se espalhavam na estante dele... Já para não falar que tudo era Mozart, Boccehrini e Ramsés... Se num dia era o "Lago dos Cisnes" era belo e sob um fundo imenso, reflectia felicidade, hoje o "Moonlight" descreve o peso... soluciona-o... Sou um autêntico pintor, músico até, mais sentimentalista do que artista.
A cor daquelas melodias desvairadas tocadas no sonho da idade e manobradas pela infantilidade, são agora postadas e enterradas num terreno já gasto e pisado. Que piano este onde cultivo a ingratidão e manifesto a vontade de adormecer na dor... Já nada é tão rico, nada mais brilhante. Já nada é devolvido como era recebido. Cada nota, cada tom, cada lágrima pintada naquele abstracto sonho chamado "realidade"
É triste dizê-lo... ainda mais triste pensá-lo, mas aquele piano nunca mais teve a cor da infância. Os gritos marcados de felicidade, os dedos infantis cheios de lama que tocavam naquelas teclas maduras, os olhares entusiasmados que se espalhavam na estante dele... Já para não falar que tudo era Mozart, Boccehrini e Ramsés... Se num dia era o "Lago dos Cisnes" era belo e sob um fundo imenso, reflectia felicidade, hoje o "Moonlight" descreve o peso... soluciona-o... Sou um autêntico pintor, músico até, mais sentimentalista do que artista.
A cor daquelas melodias desvairadas tocadas no sonho da idade e manobradas pela infantilidade, são agora postadas e enterradas num terreno já gasto e pisado. Que piano este onde cultivo a ingratidão e manifesto a vontade de adormecer na dor... Já nada é tão rico, nada mais brilhante. Já nada é devolvido como era recebido. Cada nota, cada tom, cada lágrima pintada naquele abstracto sonho chamado "realidade"
Da cor do nada (Parte III)
Hoje fui infeliz e sofredor vendo os segundos latejar com o vento, contando as folhas que bailavam na água por baixo do pomar, e os sonhos que a terra ia pisando acumulando-os de um desespero calmo e pesado. Sonolento ate. Desprezado pelo mundo lá de fora se esquecer dos frutos podres, indaguei à minha consciência para que me largasse e me acolhesse nos impulsos de viver. Como tudo do lado de cá parece mais escuro... como o peso da noite e a escuridão do dia são mais infelizes com o verde já gasto da primavera encoberta.
Olhando à janela, fixei a minha imagem no espelho. Ouvindo a melodia dos meus pensamentos, deslizando entre o grave e o agudo, acolhi-me no necessário desprezo da realizado e olhei para os meus olhos. Mirei as pálpebras pesadas que aclaravam o tão mirrado olho. Não sabia a cores deles. Desde que o Inverno se mantém na minha existência e a tardia e esperançada primavera apenas se vê ao fundo do túnel, que não distingo o preto do cinzento, o verde do azul. Tudo é Primavera, quando todo o Inverno que de mim se apodera, se apoia ao longe nas marés afastadas de mim.
Olhando à janela, fixei a minha imagem no espelho. Ouvindo a melodia dos meus pensamentos, deslizando entre o grave e o agudo, acolhi-me no necessário desprezo da realizado e olhei para os meus olhos. Mirei as pálpebras pesadas que aclaravam o tão mirrado olho. Não sabia a cores deles. Desde que o Inverno se mantém na minha existência e a tardia e esperançada primavera apenas se vê ao fundo do túnel, que não distingo o preto do cinzento, o verde do azul. Tudo é Primavera, quando todo o Inverno que de mim se apodera, se apoia ao longe nas marés afastadas de mim.
Romeu
Por detrás daquele mundo, onde o horizonte espalha o medo e o receio, onde o fogo intervém para nos queimar as faces molhadas, no longínquo sobressalto, desfeito de receios, medos e desvaneios, encontramos a outra face pertencente. Ao que eramos, junta-se o que somos, nos abraços escondem-se esperanças, nos olhos aventuras, nos sexos... esses... desejos e beijos de quem encontrou o EU no espelho... Por mais de cem palavras, um único pulsar, aquele segundo diferente do que passou e que simplesmente se revelou...
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