Quando por nada de um mais nada já preenchido por um nada imenso nos vale olhar pela janela, ouvimo-nos a nós próprios. Canções já evocadas, memórias já deixadas de quem nunca aprendeu a esquecer e um dia se lembrou de viver.
É triste dizê-lo... ainda mais triste pensá-lo, mas aquele piano nunca mais teve a cor da infância. Os gritos marcados de felicidade, os dedos infantis cheios de lama que tocavam naquelas teclas maduras, os olhares entusiasmados que se espalhavam na estante dele... Já para não falar que tudo era Mozart, Boccehrini e Ramsés... Se num dia era o "Lago dos Cisnes" era belo e sob um fundo imenso, reflectia felicidade, hoje o "Moonlight" descreve o peso... soluciona-o... Sou um autêntico pintor, músico até, mais sentimentalista do que artista.
A cor daquelas melodias desvairadas tocadas no sonho da idade e manobradas pela infantilidade, são agora postadas e enterradas num terreno já gasto e pisado. Que piano este onde cultivo a ingratidão e manifesto a vontade de adormecer na dor... Já nada é tão rico, nada mais brilhante. Já nada é devolvido como era recebido. Cada nota, cada tom, cada lágrima pintada naquele abstracto sonho chamado "realidade"
sábado, 24 de abril de 2010
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