sábado, 24 de abril de 2010
Da cor do nada (parte V)
Hoje esqueci-me de pensar que a fantasia um dia existiu na minha vida, que a loucura já passou a meta e que a beleza um dia me fascinou. Esqueci.me de viver a pensar se ser é mais difícil do que viver a pensar que podia ser. Fui até à bacia, ou melhor ao pequeno alguidar colocado naquele pequeno andaime de madeira. Depois de me olhar e pensar que ainda conservo alguma infância nas formas redondas do rosto, no pensar mais baixinho e no segredo mais desvairado, contado pelo vento naquele banco de jardim. Decidi lavar a cara com o mesmo sabão de sempre. Todavia, hoje o cheiro foi especial. Se noutros dias os associava ao quarto já visto e no pormenor mais escondido, evoquei os pedidos feitos à minha mãe naqueles sábados de fim de tarde, quando o trabalho já não poupava esforços. Lembrava-me do cheiro das coisas que tocava, do som daquilo que ouvia esquecendo-me da dor que sentia. Por momentos até, quem sabe, fui livre de pensar que a felicidade é um estado. uma estação como a primavera que invade o inverno, transformando-o...
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