domingo, 25 de abril de 2010

Dar cor do nada (Parte VII)

Repugne-nos a nós próprios pensar que antes fomos alguma coisa para hoje sermos estátua de nós próprios. Sermos o retrato de um vidro já tocado. Ser o objecto já mexido, talvez já partido.
Assusta-me a minha ignorância, porque nela não conheço as advertências de mim mesmo.
Amedronta-me o medo, porque não lhe conhecer os limites e os pesados pensadores.
Revolta-me o sombrio por nele estar coberto de um escuro esotérico que divaga.
Sensibiliza-me o querer gritado, manifestado apenas no silêncio medroso e amedrontado.
Descubro-me em cada etapa de mim mesmo, em cada sonho que interligo com a realidade, nunca sabendo qual destes momentos o mais acordado. Toco-me em mim, apresentando-me ao espelho os olhos, esses pincéis que tanto em nada mergulharam e que agora não saem do copo, do objecto afogada de água pelas lágrimas jamais vertidas.
A paleta de cores varia entre o que se pensa e o que se ergue à volta. Entre o que se diz e o que se pensa.
As vezes perco-me em infinitos gastos por não conseguir perdurar com a cruz que carrego. Por me arrepender de considerar que isto que me faz andar chama-se vida. Por saber que nada nem ninguém olha os caminhos da solidão como a liberdade de nós mesmos e nele se prende, nele cai para neles um dia... quem sabe... se levantar. Talvez erguer e continuar. Talvez parar e pensar... Talvez sonhar para um dia desejar... Um dia... esse momento vago de horas precipitados e segundos deitados em camas de sonhos...

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