segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
Aquela bóina
Acometia-se-lhe uma estranha confortabilidade, um vago desprezo pela vida e uma sensação de libertinagem. Sentado no banco de trás do autocarro do lado direito, contemplava as imagens que passavam e esboçava sorrisos de uma qualquer satisfação. Mesmo do fundo, sozinho em toda a fileira de bancos, podia ver-se que envergava uns jeans rasgados, uns ténis sujos e desapertados, uma manga-a-cava azul escura, toda amarrotada, como se estivesse acordado agora e, por cima do seu cabelo desgrenhado, uma boina roxa estilo francês. Tal boina oferecia-lhe um ar clássico por cima de uma aparência toda ela desorganizada. Não importava que este teen tivesse desfarrapado, elegantemente vestido ou até nu. O que importava era aquela boina circular, saída de uma nouvelle vague française ou até saída de uma qualquer loja escondida sob os arredores do tempo. Arte, cultura, nível, classe, intelecto… Aquela boina era o verdadeiro aspecto a ser contemplado. Aquilo que encantava as pessoas, e que jamais se esperasse que cobrisse aquele rapaz. Uma autêntica mistura de épocas e géneros, idealismos artísticos confrontados com opiniões estéticas, um dissabor pela vida com uma vontade de viver única. Tudo era especial nesta imagem. É caso para dizer que uma imagem vale mais que 1000 palavras…. Mas muito mais. Acreditem! Muito mais…
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