
Era um farol grande, vermelho e gasto. Gasto pelas paredes de um qualquer tempo e lembrado nos recônditos de toda e qualquer memória que por ele se cativasse. Nele estava escrito como numa árvore velha memórias de amor deixados, lamentações de alguém abandonado ou afirmações de quem quer esquecer o que viveu… Quem quer que morasse naquela vila, sabia decor o “sítio do farol vermelho”. Era lá que tudo acontecia e era lá onde tudo se perdia.
Todos queriam ir ao farol apreciar-lhe a altura.
Todos queriam ir ao farol para ver as marés nascer e a areia a perder as suas venturas.
Todos queriam admirar o horizonte longínquo e escrever no céu o que lhes ia na alma.
Todos queriam ir aio farol para pensar, viver, namorar, nascer outra vez, recordar…
O farol abria às 6h30 e fechava às 22h.
Depois das 22h, todos o apreciavam das janelas da sua casa e lhes prometiam cenas para o dia seguinte.
Depois das 22h, bastava a alguns olharem para ele para recordarem aquele dia.
Depois das 22h, velhos, novos, pequenos e graúdos, soluçavam contos e recordações, teciam memórias e histórias sob a sombra do farol.
Ninguém sabe quem criou o farol.
Diz-se ter sido criado pela própria vida, pelas aventuras, pelos amores e desamores que precisavam de ser escritos ou riscados, memorizados ou largados à mercê do destino.
Era o maior e mais especial farol. Nem centenas e centenas de livros, ocupavam as frases que ali foram roubadas pelo tempo nem deixadas pelo destino ou até marcados pelas vidas… Era a vida do farol. O farol que fazia as vidas.
Era o farol da minha aldeia.
Era o farol da minha memória.
Era o farol da minha vida.
Era o meu farol. O meu grande e vermelho, distante e imaginado farol…
Por estar perto do mar, é de certeza um farol feliz! Adorei cada frase deste texto! Parabéns!
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