
Hoje encontrei a bela adormecida morta. Ou melhor adormecida. Devia estar à espera que meu vergasse sobre e a beijasse. Mas esquece-se que no mundo onde ela vive todos se baixam, todos se respeitam, todos sabem o significado da palavra igualdade. Mas no mundo, não me vergo sobre ninguém.
Tentei chorar, mas não consegui. Ainda assim fiz uma cara triste.
Gostava da forma como ela estava vestida. Como dispunha as mãos sobre o corpo. Como tinha pousada a cabeça.
A forma como fechava os olhos davam-lhe um ar quase patético, mas era querido… Tava a dormir para esta vida.
Em vez dos sapatos de salto alto, tinha uns ténis rotos e sujos.
Em vez de um grande e brilhante vestido tinha uns jeans rasgados, um top branco e uma coisa estranha ao pescoço, mais parecido com um aparelho genital do que com outra coisa.
Era estranho, mas nem o penteado era como me tinhas contado. Tinha um cabelo rosa quase como uma boneca cheio de totós e tinhas as unhas pintadas de vermelho!
Acho que me enganei na porta. Afinal não entrei no meu mundo infantil.
Entrei no meu mundo mais maduro, mas porco, mais estranho
Aquela não era a bela adormecida.
Era uma puta victoriana que tinha acabado de morrer.
Era a imagem de uma idade, de um século de uma geração, de uma coisa estranha que jamais irei perceber. Uma coisa a que chamam de Vida…
Como já era de esperar, ficou fantástico este texto! Oh Vasco, ficou lindo! Adorei! :D
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