quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Near to you

Perto de ti existe uma escada, um obstáculo, uma grande falésia, uma armadilha… Quem sabe, talvez algo ainda mais perigoso… Perto de ti, existe distância. Distância de quem te resiste a olhar, vergonha de quem tem medo que os olhos se cruzem e digam palavras que não querem ser ouvidas, receio de que os outros te tenham, ilusão de contigo puder ficar. Quem sabe, mais que ficar, um dia estar. Um dia encontrar, talvez até mais…
Contento-me em ouvir a tua voz, em escutar os teus gestos, em decifrar as tuas formas e os teus avisos que são tudo ilusão de um pensamento incomodado. Um pensamento tapado, ofuscado com o desejo de te ter, e amedrontado pela vontade de te querer… Não sei o que quero de ti. É isso que tento descobrir todos os dias, ficando-me pelas curtas distâncias em que ficamos, pelas fracas respirações que se entrecruzam, pelos olhos que se incomodam, pelas palavras que não são ditas, pelo fluir intenso sanguíneo, ou por algo mais que se dá em mim, mas que eu mais que perceber, não consigo descodificar. A coragem, essa, já morreu cedo… Desde que te pus os olhos em cima, não sei o que é ter consciência das atitudes, dos fracos pormenores ainda existentes que encobrem uma personalidade, das respostas divagadas mas cheias de atitude que diga. Agora… resta-me ficar tímido, calado, a pensar, a tentar entender-te, a tentar perceber-me e a tentar ver-nos os dois num só mesmo espaço. Porque palavras, essas já se foram. Agora resta só o murmúrio surdo dos lábios e o gritar silencioso dos olhares que quando se tocam, se intensificavam, se revelam, se encobrem, mas se desmancham…

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