segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
Estar e não parecer
Era sempre com os mesmos pensamentos, impregnados de intenso erotismo que ela recordava aquelas noites passadas sob o sol de madrugada. A maneira como os seus pensamentos balanceavam na sua mente de menina-mulher, deleitava-a e fazia-a bambulear o corpo numa dança quase ritual. A atitude ríspida e o ego esotérico, embora vulneráveis, ofereciam-lhe uma atitude de indiferença. As roupas de mulher, pousadas sob uns seios firmes de jovem adolescente, fazia com que o desejo e a excitação daqueles que a viam, a congratulasse com sorrisos desdenhosos. O seu porte, quase neurológico e um olhar denso que vagueava inoportunamente num horizonte vago de emoções privadas, constituíam os seus faróis. A espera de alguém que ouvisse o grito silencioso dos seus lábios ou afastando tudo e todos com o seu toque de cabelo levado ao vento, ofereciam-lhe todo um semblante de magia e fascínio pouco pronunciados. Ruiva nos cabelos e nas pestanas, Alison vivia num pequeno apartamento situado nos arredores da capital. A sua postura estavam ali, mas os seus olhos indicavam outro espaço, as suas mãos outros toques, o seu nariz outros cheiros. Estava ali, mas parecia não estar… Um vulto entre um quotidiano vago, um frenesim de ideias sem sentido. Chuva em pelo verão, floco de neve sob uma praia pousada… algo que não fazia sentido, mas que lá estava e que por isso mesmo alguma coisa mudava.
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